sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Nota da UJC sobre a Greve Estudantil da UFSM em 2012

Apesar de você
Amanhã há de ser outro dia
Você vai ter que ver
A manhã renascer
E esbanjar poesia”

(Apesar De Você, Chico Buarque)


Neste ano de 2012, como resultado da Reforma Universitária imposta pelo Banco Mundial e operacionalizada pelo Governo Federal, ocorreu a maior greve dos últimos tempos nas instituições federais de ensino, atingindo o conjunto das Universidades e Institutos. A greve iniciou na categoria dos professores, se estendeu aos técnicos administrativos e se ampliou com greve estudantil em cerca de 20 universidades.

Greve Estudantil da UFSM

Na UFSM, os estudantes também entraram em greve. A greve foi deflagrada em assembleia histórica com mais de 600 estudantes. O Campo Democrático e Popular (atual gestão do DCE, composto pelo PT e outras forças governistas) bloqueou qualquer debate sobre projeto de universidade – negou até a existência da Reforma Universitária. No final da assembleia, com a plenária esvaziada, o Levante Popular da Juventude propôs um Comando de Greve Estudantil sui generis, onde apenas um estudante por diretório acadêmico poderia compô-lo. Na prática o Comando de Greve Estudantil não passava de um CEB (Conselho de DAs), onde o Campo Democrático e Popular (CDP) possuía maioria. O critério antidemocrático (pois não se pode obrigar um Diretório a construir a greve) possuía um objetivo: manter a comando sob controle do CDP.

Comando de Greve Estudantil

Com o Comando de Greve Estudantil sob seu controle, o CDP tratou de fechá-lo em si mesmo. A capacidade mobilizadora do Comando de Greve Estudantil pode ser ilustrada com o número de participantes nas assembleias. A participação depende de várias condições, mas é visível que o Comando de Greve Estudantil foi incapaz de amenizar a desmobilização. A segunda assembleia teve uma redução drástica de participantes e as demais trilharam o mesmo rumo até chegar ao completo esvaziamento.

O motivo pelo qual o Comando de Greve Estudantil não contribui para mobilizar a base estudantil está ligado ao domínio artificial do CDP. Com uma pauta governista, o Comando – composto pelos mesmo estudantes que foram derrotados na última eleição do DCE no campus de Santa Maria – não conseguiu convencer os estudantes sobre a necessidade de lutar por suas pautas específicas em conjunto com as outras categorias. O CDP está mais comprometido com a defesa do Governo Dilma do que com as bandeiras históricas do Movimento Estudantil.

Fim da greve e “conquistas”

Com o fim da greve estudantil, em 10 de setembro de 2012, o Comando de Greve Estudantil apresentou a pauta de reivindicações da ocupação de reitoria (ainda não atendida) como “conquistas da greve”. O CDP defende também que a mera participação em mesas de negociação com a reitoria é um “grande avanço” para o movimento, reafirmando uma vez mais que privilegia as negociações de cúpula em detrimento da organização pela base.

A necessidade de combater o projeto do capital e seu gestor, o CDP

Esta prática do CDP já havia se manifestado na ocupação de reitoria em 2011 (e antes disso, em 2007). A ocupação histórica de 2011 contou com a participação de um grande número de estudantes e foi uma resposta aos efeitos do REUNI. O CDP conseguiu ganhar a direção do movimento e enfraqueceu-o até reduzi-lo a uma mesa de negociação com a reitoria.

Ficou demonstrado mais uma vez que para reconstruir o movimento estudantil pela base é imperativo atuar com independência em relação ao CDP, mais do que isso, é necessário combatê-lo. Independente da retórica “vamos nos unir para combater a direita”, o CDP operacionaliza o projeto do Banco Mundial que é um projeto capitalista de universidade e portanto possui a mesma essência de classe que a direita.

A UJC não tomou parte neste Comando e no período concentrou esforços na mobilização estudantil de base.

Necessária unidade da esquerda antigovernista

Esta greve demonstrou mais uma vez, assim como ocorreu na eleição para o DCE, que é necessário unificar a esquerda antigovernista na tarefa de reconstrução do Movimento Estudantil pela base, no combate à Reforma Universitária do Banco Mundial/Dilma/PT e por consequência no combate ao CDP.

União da Juventude Comunista em Santa Maria.
Santa Maria/RS.
Outubro de 2012.

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