sexta-feira, 8 de maio de 2009

Representação política e ideológica

Dario da Silva*

A escravização dos meios sociais de produção cria classes sociais, cria a exploração de uma classe por outra:

Mas o operário, cuja única fonte de rendimentos é a venda da força de trabalho, não pode deixar toda a classe dos compradores, isto é, a classe dos capitalistas, sem renunciar à existência. Ele não pertence a este ou àquele capitalista, mas à classe dos capitalistas, e compete-lhe a ele encontrar quem o queira, isto é, encontrar um comprador dentro dessa classe dos capitalistas. (…) Pelo facto de, como poder social autónomo, isto é, como o poder de uma parte da sociedade, se manter e aumentar por meio da troca com a força de trabalho viva, imediata. A existência de uma classe que nada possui senão a capacidade de trabalho é uma condição prévia necessária do capital. (…) Se a classe inteira dos operários assalariados fosse aniquilada pela maquinaria, que horror para o capital, o qual sem trabalho assalariado deixa de ser capital! (Trabalho Assalariado e Capital. Karl Marx)

Classe é uma posição na produção, ou seja, proprietários e não-proprietários dos meios de produção.

Sobre representação política e representação ideológica:

O que os torna representantes da pequena burguesia é o fato de que sua mentalidade não ultrapassa os limites que esta não ultrapassa na vida, de que são consequentemente impelidos, teoricamente, para os mesmos problemas e soluções para os quais o interesse material e a posição social impelem, na prática, a pequena burguesia. Esta é, em geral, a relação que existe entre os representantes políticos e literários de uma classe e a classe que representam.” [ Karl Marx. O 18 de Brumário de Louis Bonaparte ]

São representantes políticos de uma classe os que representam a posição e interesse dessa classes na luta de classes, o que não implica obrigatoriamente o pertencimento concreto a tal classe. Da mesma forma o representante ideológico de uma classe.

Quando a ideologia entra em crise frente às transformações do mundo real:

Quanto mais a forma das relações sociais e, com ela, as condições de existência da classe dominante acusam a sua contradição com as forças produtivas avançadas, quanto mais nítido se torna o fosso cavado no seio da própria classe dominada, mais natural se torna, nessas circunstâncias, que a consciência que correspondia originalmente a essa forma de relações sociais se torne inautêntica; dito por outras palavras, essa consciência deixa de ser uma consciência correspondente e as representações anteriaores, que são tradicionais desse sistema de relações, aquelas em que os interesses pessoais reais eram apresentadas como interesse geral, degradfam-se progressivamente em meras fórmulas idealizantes, em ilusão consciente, em hipocrisia deliberada. [ Marx, K. e Engels, F. A ideologia alemã. Volume II, p. 78. ]

Ideologia é uma representação idealizada de relações sociais concretas. Portanto o representante idológico da sociedade burguesa não coloca a transitoriedade da sociedade burguesa, porque este é o seu limite (não necessariamente intencional): a eternização de um determinado mutável.

*Economista.

Veja também: “Sobre política”

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