sexta-feira, 29 de maio de 2009

Quatro acampamentos são despejados em Minas Gerais


Na segunda-feira (18/5), a Polícia Militar (PM) de Minas Gerais, após vários dias de pressão e ameaças contra os Sem Terra, despejou 98 famílias de quatro acampamentos localizados no município de Campo do Meio, no sul de Minas Gerais. Foram despejados os Sem Terra dos acampamentos Sidney Dias, Irmã Dorothy, Tiradentes e Rosa Luxemburgo.

Parte das famílias se refugiaram em outros acampamentos do MST, também instalados no latifúndio da ex-Usina Ariadnópolis. Cerca de 40 famílias foram acolhidas no assentamento 1º do Sul, na ex-fazenda Jatobá - local que hoje não só representa direito de acesso à terra e à dignidade, mas também o quanto a Reforma Agrária é produtiva: por ano, são 1.600 sacas de café, 1.200 litros de leite por dia, proteção às matas e nascentes de água e geração de 180 empregos diretos.
Segundo uma nota da PM, a tropa que efetuou o despejo compreendia 210 soldados fortemente armados com revólveres, metralhadoras, helicóptero, cachorros, cavalaria, três UTIs móveis, carro do corpo de bombeiro, atirador de elite, além de policiais de Operações Especiais da Tropa de Choque. A cidade de Campo do Meio está sitiada pela polícia. "Nunca se viu tamanho aparato policial na região aterrorizando o povo. Ninguém circula sem ser vistoriado. As lideranças do MST estão sendo perseguidas. Os policiais chegaram de forma truculenta", denuncia Frei Gilvander, membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A arbitrariedade da polícia é chocante. A polícia destruiu muitas plantações utilizando patrola, trator e incendiando lavouras. Mataram cães das famílias Sem Terra com tiros. Um Sem Terra, o Sr. José Inocêncio, foi preso porque insistiu em recolher um saco de mandioca para levar antes que o trator da polícia destruísse o mandiocal.
Um vereador de Campo do Meio, Camilo Lelis Fernandes, tentou entrar em um dos acampamentos para acompanhar de perto o despejo, mas foi impedido pela polícia.

Nem mesmo as crianças impediram a truculência da polícia. Elas entregaram flores aos soldados e mostraram cartazes pedindo um pedacinho de terra e paz. Para elas restou o choro, embalado pelo desespero de mães e avós.
"O povo Sem Terra está em estado de choque. Nós da Comissão Pastoral da Terra hipotecamos nossa irrestrita solidariedade aos Sem Terra do MST e, com indignação, repudiamos mais esta covarde ação contra a dignidade de centenas de camponeses empobrecidos. Lamentamos com veemência a truculência da Polícia e condenamos o Presidente Lula como o grande irresponsável pela não realização da Reforma agrária no nosso País. Lula dá bilhões para o agronegócio, enquanto asfixia cada vez mais a migalha de Reforma Agrária que acontecia na era do governo FHC", pontua o Frei da CPT.
Laudo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Minas atesta que só na área do acampamento Tiradentes, entre tantas outras plantações que foram destruídas, os Sem Terra estavam na iminência de colher cerca de 1.800 sacos de feijão.
Muitos dos acampados habitavam o local, vivendo sob uma lona preta, há 11 anos. Este é o sexto despejo que enfrentam e, mesmo assim, garantem que não desistirão da terra. (As informações são da CPT-MG)


Fonte: Centro de Mídia Independente - Brasil

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