quinta-feira, 30 de abril de 2009

UJC: A CRISE É GRAVE, A RESPOSTA É A LUTA!

Na estrutura da sociedade capitalista é ingenuidade esperar inclusão da juventude no processo produtivo e com acesso à cultura e educação de qualidade. Temos jovens assassinados, jovens assassinando, jovens desempregados, jovens drogados, jovens analfabetos, jovens esquecidos e jovens famintos. De todos os flagelados e excluídos os jovens constituem a maioria.

No mundo do trabalho, o jovem não é empregado por falta de experiência e são os primeiros a serem demitidos, especialmente nesses tempos de crise econômica. E ainda são massa de mão de obra barata em ocupações temporárias ou de grande rotatividade como estágios e no telemarketing.

Como o Estado não proporciona espaços de lazer e cultura – e quando têm, não há manutenção ou incentivo –, associado à falta de autonomia financeira, os jovens se apropriam do que está ao seu alcance, como o mundo das drogas e da criminalidade. A alienação perpetua, dificultando a capacidade de organização desse segmento social.

Apesar do quadro desfavorável para a juventude, esta sempre teve um papel fundamental nos avanços democráticos do país. A priori, por uma participação mais combativa e radicalizada dos estudantes por quase todo o século XX e a partir de suas últimas décadas os movimentos culturais passam a somar e a ocupar de forma mais organizada e propositiva os espaços de discussão da juventude, como o punk, o reggae e, especialmente, o hip hop.

Essa organização não é por acaso. Os jovens trabalhadores, os estudantes secundaristas, enfim, jovens pobres aos da classe média formam a massa das periferias da cidade. As expressões culturais, em especial a música, são o principal refúgio e passa a ser um importante espaço de questionamentos, posições, críticas e, logo, de proposição.

Estamos ainda no começo da crise que, seja por pretexto ou por sua conseqüência direta, está demitindo cada vez mais, em grande parte jovens. A precarização do trabalho e a retirada de direitos são as políticas imediatas pelas empresas e pelos Governos para “enfrentar” a crise. Salvar os bancos e as grandes empresas (os parasitas da nossa economia) é a solução do nosso governo para “vencer” a crise, ao invés de estatizá-los e colocá-los a serviço do povo.

O sistema capitalista em dois séculos de hegemonia passou por suas inúmeras reincidentes e orgânicas crises, todas produzindo desemprego, redução de salários, miséria e conseqüentes fervorosas mobilizações, como as que vimos na Europa (centenas de milhares de pessoas nas ruas da França, Inglaterra, Portugal, Irlanda, Polônia, Alemanha e outros). No Brasil já atingiu perto de 800 mil o número de demissões desde o estouro da crise.

Ainda a juventude não mostrou sua cara, seu potencial ainda não despertou. A União da Juventude Comunista faz o chamado aos jovens lutadores a integrar a luta neste 1° de Maio, na Praça da Sé, não contra a crise, que é apenas um sintoma, mas a todo ataque e extorsão feita pelos banqueiros e grandes empresários, sob a gerência do Estado, aos 90% do povo brasileiro, entre trabalhadores e desempregados.

UNIÃO DA JUVENTUDE COMUNISTA

FONTE: http://pcb-campinas.blogspot.com/2009/04/crise-e-grave-resposta-e-luta.html

CARAJÁS: 13 ANOS DE IMPUNIDADE

Massacre de Eldorado de Carajás

Massacre de Eldorado de Carajás completa 13 anos sem desfecho

Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Nesta semana, o MST monta dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, desde o dia 10/4. Em Belém, 600 pessoas estão mobilizadas desde o dia 14/4.

“Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais”, explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.

“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.

O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.

“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.

Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.

“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.

Caminho do processo na Justiça

Abaixo, leia a cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás.

Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.

16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.

Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.

Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.

14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.

Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).

22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

2006 - Recurso especial é apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e, posteriormente, recurso extraordinário é apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

Abril/2007 - A governadora do estado Ana Júlia Carepa assinou decreto que concede indenização e pensões especiais a 22 famílias de trabalhadores sem-terra vítimas da chacina. “O que eu fiz foi reparar uma injustiça, reconhecendo a responsabilidade do governo do Estado”, disse Ana Júlia. A governadora classificou o massacre de Eldorado do Carajás como “um dos episódios que mais envergonhou não só o Pará diante do Brasil, mas o Pará diante do mundo”.

Setembro/2008 - O governo de Ana Júlia Carepa promoveu os soldados que participaram do Massacre de Eldorado do Carajás. Entre 87 e 90 policiais foram promovidos a cabo. Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.

FONTE: http://www.mst.org.br/mst/especiais.php?ed=92

terça-feira, 28 de abril de 2009

14 lideranças de movimentos sociais são presas no Pará

Desde a última sexta-feira (24/4) cerca de 400 integrantes Via Campesina (MAB, MST, CPT, movimento dos pescadores) estão mobilização, acampados nas obras das eclusas do lago da barragem de Tucuruí. Na manhã do domingo (26/4) a polícia foi ao local e prendeu 18 pessoas. Os trabalhadores protestam contra a violência no campo naquela região e reivindicam o avanço das negociações com o governo federal e estadual. As reivindicações da região foram entregues às autoridades ainda no final do ano passado.

Segundo informações, foi solicitado a policia militar uma averiguação no acampamento. Ao chegar ao local, às 6h, a polícia considerou flagrante e prendeu 14 pessoas, entre elas: Maria Edina Ferreira, Aildo Ferreira da Silva, Roquevan Alves Silva, Odercio Monteiro, Eusino Rodrigues Lopes e Vanico Wanzeller. Os agricultores foram levados à Belém para o Departamento de Inteligência da Polícia Civil Especializada.

Os manifestantes queriam uma reunião com os governos, marcada para esta terça-feira (28/4). A negociação beneficiaria mais de 900 famílias da região com recursos para agricultura, obras de infra-estrutura e criação de peixe em tanques-rede.

A Usina Hidrelétrica de Tucuruí foi construída há 25 anos, durante a ditadura militar, e até hoje os atingidos pela barragem reivindicam direitos e obras para a melhoria das condições de vida nos municípios e comunidades que sofreram com o alagamento das terras e da floresta. “Mais uma vez a solução para as empresas e Estado é a força policial”, dizem as lideranças. Segundo dados da CPT (Comissão Pastoral da Terra), nos últimos três anos foram assassinadas 14 lideranças rurais nessa região, em decorrência da luta pela terra. A última vítima foi Raimundo Nonato, liderança do Sindicato de Tucuruí, brutalmente assassinado na porta de casa, no dia 16 deste mês.

A seguir, leia e ajude a divulgar a nota de apoio aos trabalhadores presos assinada por diversos mioviemntos sociais:

Nota de solidariedade aos manifestantes presos no Pará

Na manhã dete domingo (26/4), a polícia militar do estado do Pará entrou no acampamento da Via Campesina (MAB, MST, CPT) e de movimentos de pescadores, organizado nas obras das eclusas junto ao lago da UHE Tucuruí, e prendeu 14 pessoas que protestavam contra a violência no campo naquela região e reivindicavam o avanço das negociações com o governo federal e estadual e com a Eletronorte. Há bastante tempo as famílias reivindicam recursos para agricultura, obras de infra-estrutura e criação de peixe em tanques-rede, no entanto, até agora não tiveram retorno sobre a implantação dos projetos.

Arbitrariamente, a polícia deu voz de prisão às lideranças, alegando que o acampamento estava em área de segurança nacional e de proteção ambiental. Entre os presos estão: Maria Edina Ferreira, Aildo Ferreira da Silva, Roquevan Alves Silva, Odercio Monteiro, Eusino Rodrigues Lopes e Vanico Wanzeller. O acampamento continua organizado próximo à barragem e os agricultores presos foram levados à Belém, para o Departamento de Inteligência da Polícia Civil Especializada.

Criada durante o regime militar na década de 70, a Usina Hidrelétrica de Tucuruí deslocou 32 mil pessoas e foi construída sem a realização de estudo e relatório de impacto ambiental (EIA/Rima).

Os movimentos sociais do Pará repudiam a ação, que tem sido a prática da polícia no tratamento dos movimentos sociais, vêm a público denunciar a truculência da polícia militar do estado e pedir às organizações e à sociedade em geral que enviem moções e declarações de apoio às lideranças detidas (para@mabnacional.org.br) e notas de repúdio para as seguintes autoridades:

Governo Federal

Ministro da Justiça: Tarso Genro
E-mail: gabinetedoministro@mj.gov.br
Telefones: (61) 3429-3101 e (61) 3226-2296 / 2291 / 2089
Fax: (61) 3322-6817

Chefe da Casa Civil do Estado: Cláudio Alberto Castelo Branco Puty
E-mail: papaoangelo@hotmail.com / nrsc.palacio@yahoo.com.br
Telefones: (91) 3201-5568 / 5570 / 5576 / 5572

Governo do Estado do Pará

Governadora: Ana Júlia de Vasconcelos Carepa
Telefone: (91) 3201-5669 / 5587
Fax: (91) 3248-0133

Secretário de Segurança Pública: Geraldo José de Araújo
E-mail: segup.pa@gmail.com
Telefones: (91) 3184-2500 / 2525 / 2555
Fax: (91) 3225-2644

Comandante Geral da Polícia Militar: Luiz Dário da Silva Teixeira
E-mail: seccomandopmpa@gmail.com / subcmdo@pm.pa.gov.br
telefones: (91) 3277-5668 / 5644
Fax: (91) 3277-5490

Eletrobrás

Director de Engenharia: Valter Luiz cardeal de Souza
E-mail: de@eletrobras.com
Telefone: (21) 2514-6425

Eletronorte

Diretor-Presidente: Jorge Nassar Palmeira
Telefone: (61) 3429-6101
E-mail: jorge.palmeira@eletronorte.gov.br

Diretoria de Planejamento e Engenharia: Adhemar Palocci
Telefone: (61) 3429-5300
E-mail: adhemar.palocci@eletronorte.gov.br

Diretor: Antonio Raimundo Coimbra
E-mail: acoimbra@eln.gov.br

Agradecemos as manifestações de todos.

CPT – MST – MAB - FETAGRI – STR/Tucuruí – Colônia Pescadores Z32 – MOVIMENTO DE PESCADORES E MORADORES - APA TUCURUÍ

FONTE: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6703

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Correa é reeleito com ampla vantagem no Equador

Correa

Correa

Michelle Amaral da Silva

Com 70% dos votos apurados, Rafael Correa comemora sua reeleição com mais de 50% os votos contra 28% do seu principal opositor, o ex-presidente Lucio Gutiérrez

O presidente equatoriano, Rafael Correa, deve ser o vencedor das eleições gerais realizadas neste domingo (26) com pouco mais de 51% dos votos, segundo dados oficiais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Com cerca de 70% dos votos apurados, o presidente tem ampla vantagem sobre os demais adversários. Seus dois principais oponentes, Lucio Gutiérrez e Álvaro Noboa, obtiveram 28% e 11% dos votos, respectivamente. Os outros cinco candidatos inscritos na disputa obtiveram cada um menos de 2% dos votos.

Por sua vitória, Correa recebeu saudações dos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Bolívia, Evo Morales e do Chile, Michelle Bachellet.

Chávez ressaltou, através de comunicado, “a importância do processo popular constituinte que tem permitido ao Equador viver uma etapa de refundação democrática pela via pacífica, sobre a base de uma nova Constituição, escrita e aprovada pelos equatorianos”.

Rafael Correa, um economista de 46 anos, concluiria sua gestão em 2011, mas a nova Constituição do país, aprovada em setembro de 2008 em um referendo, convocou as novas eleições.

O pleito foi acompanhado por 510 observadores nacionais e estrangeiros, o processo foi o mais complexo da história desta nação andina.

Pouco mais de 10 milhões de eleitores foram convocados às urnas para eleger ao presidente e vicepresidente do Equador, 118 congressistas, 46 prefeitos e viceprefeitos e 1.581 vereadores.

Compromisso

Em coletiva de imprensa realizada depois dos primeiros resultados extra-oficiais, que o indicaram como ganhador, Correa reiterou que a luta é para conseguir uma pátria para todos, uma pátria igualitária que tem se consolidado nos últimos dois anos de compromisso social.

“Estamos aqui para os pobres. Nossa opção preferencial é pelos mais pobres e nosso compromisso é erradicar a miséria e deixar o país mais justo e mais equitativo”, enfatizou

O presidente reeleito também destacou que o principal compromisso deste novo período presidencial é mudar o mais rápido possível a história do país e oferecer plenas garantias de educação, moradia, emprego, saúde, transporte e melhorar os níveis de vida dos cidadãos equatorianos.

Para Correa, uma das lutas mais importantes a vencer durante a gestão 2009-2013 é pelos 3 milhões de imigrantes, espalhados por todo continente, aos quais garantiu: “Nosso compromisso é para que possam voltar e encontrar a felicidade que foram buscar em outras partes do mundo”.

América Latina

Rafael Correa afirmou nesta segunda-feira (27) que, em relação à questão internacional, um dos principais objetivos de seu governo é consolidar a integração da América Latina, mediante a adoção de medidas efetivas mais além das comerciais.

Correa defende que da União das Nações Sulamericanas (Unasul) devem sair “ações concretas” que eliminem essa percepção irreal da integração e que superem as barreiras meramente comerciais.

Para o presidente equatoriano, esta integração deve abranger outras áreas como a alimentação e energia, e não só a comercial, que foram um dos grandes erros cometidos no passado, quando os países da região competiam entre si para obter melhores mercados em vez de cooperar como irmãos.

“O Estados Unidos é o primeiro sócio comercial do Equador” recordou Correa ao ser interrogado sobre sua relação com o governo do democrata Barack Obama, sobre o qual disse que continuará da maneira mais cordial, sempre e quando for baseada no respeito.

Sobre a relação do Equador com países opostos aos Estados Unidos como China, Irã e Rússia, o presidente socialista disse que estas seguirão aprofundando-se “sem medo, sem patronagem, sem ter que pedir permissão a ninguém”, declarou e acrescentou que isto faz parte da política internacional soberana que vem adotando seu governo desde 2007.

Correa esclareceu que este aprofundamento das relações internacionais será enfocado sobretudo com os países da América Latina, e será mais forte com aqueles cujos governos concordem com a doutrina socialista.

FONTE: http://www.brasildefato.com.br/

1º de maio: dia de luta e resistência da classe trabalhadora

PCB 87 ANOS

PCB 87 ANOS

(Nota Política do Comitê Central do PCB)

Em 1886, cinco operários norte-americanos foram condenados à morte na cidade de Chicago, pela organização de uma ampla greve geral que envolveu milhares de trabalhadores em defesa da redução da jornada de trabalho e por melhorias nos salários. Um ano depois, em diversos países, o movimento operário e sindical fez do 1º de Maio um símbolo de resistência e luta contra a exploração e a desigualdade a que o sistema capitalista submete a população trabalhadora em todo o mundo. Nascia, assim, a tradição dos trabalhadores em fazer do 1º de Maio um dia de consciência, de luta, de denúncias contra a ordem social burguesa e o capitalismo.

A recente crise econômica, que deve ser entendida como uma crise de superacumulação capitalista, se abateu também sobre o Brasil, promovendo forte retração em vários setores da economia, principalmente na produção industrial. Os índices econômicos apontam uma queda na produção em todos os setores produtivos, o que confirma a dependência da economia brasileira em relação aos grupos empresariais exportadores, os quais, ao lado do agronegócio e dos bancos, muito lucraram com a globalização. Enquanto a recessão se aprofunda, Lula só se preocupa em ajudar grandes grupos econômicos, sem intervir para evitar demissões nem promover a reestatização de setores estratégicos, o que até outros governos burgueses vêm praticando. Ao invés disso, anuncia cortes de investimentos do Estado nas áreas sociais.

A burguesia intensificou seus ataques sobre o conjunto dos trabalhadores. Grandes empresários e banqueiros estão tentando tirar proveito da crise: promovem demissões em massa e aumentam a taxa de exploração da força de trabalho, impondo a redução de jornada com corte de salários. Isso demonstra a intenção clara de tentar sair da crise rebaixando salários, direitos e garantias dos trabalhadores e criminalizando os movimentos sociais que ousam resistir à ofensiva do capital.

Nunca, na história recente da luta sindical, trabalhadores foram tão atacados como nesses dias. Por outro lado, em diversos países ressurgem as lutas de massas como forma legítima de reação popular contra os efeitos nefastos que a crise econômica tem acarretado. No Brasil, o movimento sindical retoma seu protagonismo. Ferroviários, petroleiros e outras categorias vêm se levantando com mobilizações e greves. É importante destacar, em âmbito mundial, as ações de radicalização e retomada da consciência da necessidade de ruptura com os mecanismos de dominação e com a lógica de produção capitalista, caracterizada pela destruição das riquezas naturais, pela brutal exploração dos seres humanos e pela negação da vida. Mais do que nunca a questão do socialismo se coloca atual na conjuntura mundial!

Nesse 1º de Maio, o PCB vem às ruas manifestar seu compromisso militante com as lutas e iniciativas de resistência que se vêm desenvolvendo no país e conclama os trabalhadores à organização e à luta em todos os sindicatos da cidade e do campo, nas organizações da juventude, nos organismos de bairro, nos movimentos sociais, enfim, onde houver condições de organizar a população, no sentido de realizar um intenso trabalho político visando à construção de uma frente de esquerda anticapitalista e permanente, formada por partidos, sindicatos e outros movimentos sociais, da cidade e do campo, voltada, primordialmente, a desenvolver um calendário de lutas populares e um programa político capaz de promover uma ofensiva ideológica de denúncia do capitalismo e em prol da construção do socialismo.

- Nenhum direito a menos; avançar em novas conquistas;
- pela reestatização da Petrobrás e das demais empresas privatizadas;
- Pela expansão das redes públicas de saúde, educação e previdência;
- Por uma previdência pública e universal; não à contra reforma da previdência;
- Não às demissões; redução de jornada sem redução de salário; emprego para todos;
- Viva o Primeiro de Maio; viva a unidade dos trabalhadores de todo o mundo; viva o socialismo;

PCB - PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO.
COMITÊ CENTRAL, ABRIL DE 2009.

FONTE: http://www.pcb.org.br/1maio3.htm

Preso pela história

Fidel Castro Ruz

A comparecência de Daniel na Mesa-Redonda da Televisão Nacional foi como esperava. Falou com eloquência, foi persuasivo, sereno, irrebatível.
Não injuriou, nem quis injuriar nenhum outro país da América Latina, mas se aferrou à verdade cada minuto de sua comparecência: a Venezuela, a Bolívia e a Nicarágua, como porta-vozes da ALBA, rejeitaram de forma expressa a ideia de que a Declaração Final fosse apresentada como um acordo de consenso.

Soubemos por Daniel que o próprio Obama reconheceu que não tinha lido aquele documento, que passou de contrabando como Declaração Oficial da Cúpula. A Telesul também transmitiu simultaneamente a comparecência. Teve ampla divulgação.

Daniel exprimiu conceitos lapidares. “Foi a reunião da censura”. Fim do bloqueio a Cuba!, foi um clamor unânime, com diferentes matizes, porém unânime.”

Ele afirmou: “A intervenção do presidente Rafael Correa foi muito boa quando explicou: “Eleições não significam democracia, porque o multipartidarismo é apenas uma maneira de desintegrar a nação.” Daniel acrescentou: “Cuba tem um modelo onde não se divide o povo cubano em verde, vermelho, amarelo e laranja. É simplesmente o povo cubano, seus cidadãos, sem essas campanhas onde estão em jogo os lucros dos grandes capitais. O povo cubano é quem elege suas autoridades sem a estridência das eleições nas democracias burguesas impostas pelo Ocidente.

“A cortesia não elimina as diferenças ideológicas e políticas, não elimina a realidade. Quero sublinhar isso porque percebi muito encantamento nalguns chefes de Estado e de Governo por apertarem a mão do presidente Obama.” Referindo-se ao flautista de Hamelin expressou: “Com sua flauta pequena e todos os ratos atrás, vamos para o precipício. Contudo, Obama não conseguiu o efeito que ele queria.”

“Os Estados Unidos não mudaram, Raúl o destacou em Cumaná. Foi uma administração republicana a que preparou a invasão pela Baía dos Porcos e foi uma administração democrata a que a executou.

“O presidente dos Estados Unidos expressou que o passado tem que ser esquecido, mas está preso no passado! de 50 anos de bloqueio a Cuba; que, no ano de 2004, quando era candidato a senador, disse que o bloqueio a Cuba era uma barbaridade, que se devia pôr fim a ele. Fizeram-lhe a pergunta na entrevista coletiva e agora responde que isso foi há milhares de anos. Isso significa que ele mente, é uma resposta de uma pessoa que mente.

“Expressou que não se pode pôr fim ao bloqueio a Cuba. Que Cuba devia agradecer as concessões que eles fizeram recentemente. Querem vender isto como uma mudança; nem sequer se aproximam das medidas tomadas por Carter há 30 anos, é realmente um retrocesso. Querem que nos esqueçamos da história.

“A OEA morreu. É um cadáver insepulto.”

” A Unidade Africana tem seu próprio instrumento. Não está a França, não está a Inglaterra, os antigos colonialistas destes povos não estão ali, estão os povos da África.

“Da mesma maneira, os povos latino-americanos e caraibenhos temos que estar aqui , e dessas posições, desse diálogo, dessa unidade, dialogar com o Norte, dialogar com os Estados Unidos e o Canadá, dialogar com os europeus; isto é, dialogar com os países do Norte e defender nossas posições.

“O que também fica claro nesta Cúpula é que os Estados Unidos não mudaram e que a América Latina e o Caribe mudaram; mudamos e estamos mudando aferrados às raízes da nossa história”.

Explicou finalmente que “o documento estava morto e a política da cenoura e do garrote continua vigente, porque o presidente Obama está preso na estrutura de um império”.

FONTE: http://www.granma.cu/portugues/2009/abril/vier24/REFLEXOES-23abril.html

sábado, 25 de abril de 2009

É perigoso!

Ângelo Alves

Às manobras dos EUA face a Cuba – que mantêm a mesma política – os países da ALBA responderam também. Palavra a Evo Morales: «Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos em 1962] por ser leninista, marxista, comunista. Eu quero dizer aos membros da OEA, aqui, que me declaro marxista, leninista, comunista, socialista. Agora expulsem-me.»

No passado fim-de-semana realizaram-se na América Latina duas Cimeiras, e não uma, como se tentou fazer passar nos media dominantes. A propagandeada V Cimeira das Américas (da OEA), e a ocultada VII cimeira da Alternativa Bolivariana para os Povos da nossa América (ALBA) que reuniu Bolívia, Cuba, Venezuela, Nicarágua, Dominica, Equador, Honduras, Paraguai, São Vicente y Granadinas e que contou com a presença de Miguel d’Escotto – Presidente da Assembleia Geral da ONU, facto convenientemente ocultado pelos «nossos» media.

Porque se escondeu então a Cimeira da ALBA e o seu conteúdo? Simples, porque foi profundamente incómoda para os EUA e para a operação de charme de Obama na Cimeira da OEA. OS EUA queriam, nesta Cimeira, fugir à discussão de fundo sobre a crise do capitalismo. Os países da ALBA abordam-na com uma clareza notável. Os EUA queriam realizar uma ofensiva diplomática de «abertura» na América Latina, assente em declarações generalistas e desprovidas de iniciativa diplomática real – nomeadamente relativamente a Cuba. Os países da ALBA posicionaram-se exactamente no plano das políticas concretas, da exigência de passos reais pelos EUA, da afirmação da soberania e da rejeição das «lições de democracia» de Hillary Clinton.

Nada melhor que dar a palavra aos protagonistas: No Documento Final da Cimeira da ALBA(1) é referido que «o projecto de Declaração da V Cimeira das Américas é insuficiente e inaceitável». Porque «não dá respostas ao tema da crise económica global» – uma crise que «é global, de carácter sistémico e estrutural» (…) «e que não é uma falha da regulação do sistema, mas sim uma parte constitutiva do sistema capitalista» - e porque «exclui injustificadamente Cuba sem fazer menção ao consenso geral existente na região para condenar o bloqueio e os intentos de isolamento do seu povo e governo». Razões, pelas quais, um alargado conjunto de países – «os líderes da esquerda radical da América Latina»(2) na linguagem trauliteira e rancorosa com que um diário português brinda os chefes de Estado – não assinou a Declaração Final da Cimeira da OEA.

Na Cimeira da ALBA - que se colocou nos antípodas das conclusões do G20 e em que se advogou a «a transformação total do FMI, do Banco Mundial e da OMC, que com os seus condicionamentos neoliberais contribuíram para esta crise» - a «fuga» das principais potências capitalistas à discussão sobre as reais razões e soluções da crise - encerrando-a nos fóruns internacionais que controlam – teve nas palavras do Presidente da Assembleia Geral da ONU(3) uma contundente resposta: «A [Organização das] Nações Unidas é uma ditadura». «Aqueles que andam sempre com a cantiguita da democracia como condicionamento para os seus propósitos» são aqueles que «põem todos os obstáculos imagináveis para impedir a democratização da ONU», concluindo a sua intervenção com o importantíssimo anúncio da realização da Conferência mundial da ONU sobre a crise financeira, aprovada por consenso na Assembleia Geral a 7 de Abril, por proposta da Venezuela.

Às manobras dos EUA face a Cuba – que mantêm a mesma política – os países da ALBA responderam também. Palavra a Evo Morales: «Cuba foi expulsa da Organização dos Estados Americanos em 1962] por ser leninista, marxista, comunista. Eu quero dizer aos membros da OEA, aqui, que me declaro marxista, leninista, comunista, socialista. Agora expulsem-me.»
Os povos falaram, e falaram grosso nas duas Cimeiras. Por isso Obama falou baixinho e deu apertos de mão. É a luta de classes a irromper nas cimeiras internacionais, com os povos da América Latina na ofensiva. E isso, de facto, a imprensa do sistema não podia mostrar… É perigoso!
____________________
(1) http://www.alternativabolivariana.org/modules.php?name=News&file=article&sid=4292
(2) Diário de Notícias – 19-04-09 – «Evo morales faz desafio a Obama»
(3) http://www.alternativabolivariana.org/modules.php?name=News&file=article&sid=4282

FONTE: http://www.avante.pt/noticia.asp?id=28784&area=24

O 18 de Brumário de Louis Bonaparte - Comentários II

Dario da Silva*

Sobre a catastrófica aliança proletariado e pequena-burguesia (um classe de transição) no partido social democrata e o muito conhecido “diagnóstico” “a culpa é do povo, que não está maduro…”:

“Finalmente, em vez de ganhar forças com o apoio do proletariado, o partido democrático infectara o proletariado com sua própria fraqueza e, como costuma acontecer com os grandes feitos dos democratas, os dirigentes tiveram a satisfação de poder acusar o “povo” de deserção, e o povo a satisfação de poder acusar seus dirigentes de o terem iludido. Raramente fora uma ação anunciada tão estrepitosamente como a iminente campanha da Montanha, raramente um acontecimento fora alardeado com tanta segurança ou com tanta antecedência como a vitória inevitável da democracia. É mais do que certo que os democratas acreditam nas trombetas diante de cujos toques ruíram as muralhas de Jericó. E sempre que enfrentam as muralhas do despotismo procuram imitar o milagre. Se a Montanha queria vencer no Parlamento, não devia ter apelado para as armas. Se apelou para as armas no Parlamento, não devia ter-se comportado nas ruas de maneira parlamentar. Se a demonstração pacífica tinha um caráter sério, então era loucura não prever que teria uma recepção belicosa. Se se pretendia realizar uma luta efetiva, então era uma idéia esquisita depor as armas com que teria que ser conduzida esta luta. Mas as ameaças revolucionárias da pequena burguesia e de seus representantes democráticos não passam de tentativas de intimidar o adversário. E quando se vêem em um beco sem saída, quando se comprometeram o suficiente para tornar necessário levar a cabo suas ameaças, fazem-no então de maneira ambígua, que evita principalmente os meios de alcançar o objetivo, e tenta encontrar pretextos para sucumbir. A estrepitosa abertura que anunciou a contenda perde-se em um murmúrio pusilânime assim que a luta tem que começar; os atores deixam de se levar a sério e a peça murcha lamentavelmente, como um balão furado. Nenhum partido exagera mais os meios de que dispõe, nenhum se ilude com tanta leviandade sobre a situação como o partido democrático. Como uma ala do exército votara em seu favor, a Montanha estava agora convencida de que o exército se levantaria ao seu lado. E em que situação? Em uma situação que, do ponto de vista das tropas, não tinha outro significado senão o de que os revolucionários haviam-se colocado ao lado dos soldados romanos, contra os soldados franceses. Por outro lado, as recordações de junho de 1848 ainda estavam muito frescas para provocar outra coisa que não fosse a profunda aversão do proletariado à Guarda Nacional e a completa desconfiança dos chefes das sociedades secretas em relação aos dirigentes democráticos. Para superar essas diferenças era necessário que grandes interesses comuns estivessem em jogo. A violação de um parágrafo abstrato da Constituição não poderia criar esses interesses. Não fora a Constituição violada repetidas vezes, segundo afirmavam os próprios democratas? Não haviam os periódicos mais populares estigmatizado essa Constituição como sendo obra desconchavada de contra-revolucionários? Mas o democrata, por representar a pequena burguesia, ou seja, uma classe de transição na qual os interesses de duas classes perdem simultaneamente suas arestas, imagina estar acima dos antagonismos de classes em geral. Os democratas admitem que se defrontam com uma classe privilegiada mas eles, com todo o resto da nação, constituem o povo. O que eles representam é o direito do povo; o que interessa a eles é o interesse do povo. Por isso, quando um conflito está iminente, não precisam analisar os interesses e as posições das diferentes classes. Não precisam pesar seus próprios recursos de maneira demasiado crítica. Tem apenas que dar o sinal e o povo, com todos os seus inexauríveis recursos, cairá sobre os opressores. Mas se na prática seus interesses mostram-se sem interesse e sua potência, impotência, então ou a culpa cabe aos sofistas perniciosos, que dividem o povo indivisível em diferentes campos hostis, ou o exército estava por demais embrutecido e cego para compreender que os puros objetivos da democracia são o que há de melhor para ele, ou tudo fracassou devido a um detalhe na execução, ou então um imprevisto estragou desta vez a partida. Haja o que houver, o democrata sai da derrota mais humilhante, tão imaculado como era inocente quando entrou na questão, com a convicção recém-adquirida de que terá forçosamente que vencer, não porque ele e seu partido deverão abandonar o antigo ponto de vista, mas, pelo contrário, porque as condições tem que amadurecer para se porem de acordo com ele. Não se deve imaginar, por conseguinte, que a Montanha, dizimada e destroçada como estava, e humilhada pelo novo regulamento parlamentar, estivesse especialmente desconsolada. Se o 13 de Junho removera seus dirigentes, tinha, por outro lado, aberto vaga para homens de menor envergadura, que se sentiam desvanecidos com esta nova posição. Se sua impotência no Parlamento já não deixava lugar a dúvida, tinham agora o direito de limitar suas atividades a rasgos de indignação moral e ruidosa oratória.” (http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap03.htm).

A burguesia se torna extremamente reacionária tão logo se torna dominante:

“Nunca a burguesia governou de maneira mais absoluta, nunca exibiu com maior ostentação as insígnias de seu poder. Não preciso entrar aqui na história de sua atividade legislativa, que se resume, neste período, em duas leis: a lei restabelecendo o imposto sobre o vinho e a lei do ensino abolindo a irreligiosidade. Se o consumo do vinho foi dificultado aos franceses, em compensação era-lhes servido em abundância o licor da eternidade. Se na lei do imposto do vinho a burguesia declarava inviolável o velho e odioso sistema tributário francês, procurava através da lei do ensino assegurar entre as massas o velho estado de espírito conformista. É espantoso ver os orleanistas, os burgueses liberais, esses velhos apóstolos do voltairianismo e da filosofia eclética, confiarem a seus inimigos tradicionais, os jesuítas, a supervisão do espírito francês. Por mais que divergissem os orleanistas e legitimistas a respeito dos pretendentes ao trono, compreendiam que para assegurar seu domínio unificado era necessário unificar os meios de repressão de duas épocas, que os meios de subjugação da monarquia de julho tinham que ser complementados e reforçados com os meios de subjugação da Restauração.” (Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap04.htm)

O burguês comum está sempre pronto a sacrificar o interesse geral de sua classe por este ou aquele interesse individual:

Provou assim que o partido da ordem perdera, em seus conflitos com Bonaparte, não só o ministério, não só o exército, mas também sua maioria parlamentar independente; provou que uma ala de deputados desertara de seu lado, movida pelo fanatismo da conciliação, pelo medo de lutar, pela lassidão, por considerações de família sobre salários de parentes, por especulação em torno das pastas ministeriais que se tornassem vagas (Odilon Barrot), por esse vulgar egoísmo, enfim, que torna o burguês comum sempre pronto a sacrificar o interesse geral de sua classe por este ou aquele interesse particular. (http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap05.htm)

*Economista.

FONTE: http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/

Leia também: http://dariodasilva.wordpress.com/2009/04/12/o-18-de-brumario-de-louis-bonaparte-comentarios-i

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Comunistas visitam mausoléu de Vladimir Lênin

Mausoléu de Vladimir Lênin

Mikhail Metzel/AP

Comunistas visitam mausoléu de Vladimir Lênin (1870-1924) no aniversário do nascimento do líder soviético (Moscou).

FONTE: http://www1.folha.uol.com.br/

Visite o site do Partido Comunista da Federação Russa: http://kprf.ru/

Foto: http://kprf.ru/images3/65786g.jpg

Eduardo Galeano

Foto: http://www.flickr.com/photos/artemuestra/3452460475/

José Saramago

Grande alvoroço nas redacções dos jornais, rádios e televisões de todo o mundo. Chávez aproxima-se de Obama com um livro na mão, é evidente que qualquer pessoa de bom senso achará que a ocasião para pedir um autógrafo ao presidente dos Estados Unidos é muito mal escolhida, ali, em plena reunião da cimeira, mas, afinal, não, trata-se antes de uma delicada oferta de chefe de Estado a chefe de Estado, nada menos que As veias abertas da América Latina de Eduardo Galeano. Claro que o gesto leva água no bico. Chávez terá pensado: “Este Obama não sabe nada de nós, quase que ainda não tinha nascido, Galeano lhe ensinará”. Esperemos que assim seja. O mais interessante, porém, além de se terem esgotado As veias na Amazon, as quais passaram num instante de um modestíssimo lugar na tabela de vendas à glória comercial do “best-seller”, de cinquenta e tal mil a segundo na classificação, foi o rápido e parecia que concertado aparecimento de comentários negativos, sobretudo na imprensa, tratando de desqualificar, embora num caso ou noutro com certos matizes benevolentes, o livro de Eduardo Galeano, insistindo em que a obra, além de se exceder em análises mal fundamentadas e em marcados preconceitos ideológicos, estava desactualizada em relação à realidade presente.

Foto: http://www.flickr.com/photos/artemuestra/3453275084/

Ora, As veias abertas da América Latina foi publicada em 1971, há quase quarenta anos, portanto, a não ser que o seu autor fosse uma espécie de Nostradamus, só com um hercúleo esforço imaginativo seria capaz de adiantar a realidade de 2009, tão diferente já dos anos imediatamente anteriores. A denúncia dos apressados comentadores, além de mal intencionada, é bastante ridícula, tanto como o seria a acusação de que a História verdadeira da conquista da Nova Espanha, por exemplo, escrita no século XVII por Bernal Díaz del Castillo, abunda, também ela, em análises mal fundamentadas e em marcadíssimos preconceitos ideológicos. A verdade é que quem pretender ser informado sobre o que se passou na América, naquela América, desde o século XV, só ganhará em ler o livro de Eduardo Galeano. O mal daqueles e outros comentadores que enxameiam por aí é saberem pouco de História. Agora só nos falta ver como aproveitará Barack Obama da leitura de As veias abertas. Bom aluno parece ser.

FONTE: http://caderno.josesaramago.org/2009/04/24/eduardo-galeano/

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pistoleiros de Dantas baleiam 9 Sem Terra no Pará

18/04/2009

Na tarde deste sábado (18/04), pistoleiros da fazenda Espírito Santo,localizada em Eldorado dos Carajás (PA), balearam 9 trabalhadores rurais Sem Terra.

Os lavradores voltavam das mobilizações em torno do Massacre de Eldorado dos Carajás, realizadas na Curva do S, para o acampamento montado em fevereiro na fazenda grilada- que pertence ao banqueiro Daniel Dantas.

Outros três Sem Terra estão sendo feitos reféns pelos pistoleiros dentro da fazenda neste momento.

FONTE: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6657

sábado, 18 de abril de 2009

Manifestações do MST são reprimidas no RS

Violência

Em São Gabriel (RS), na Fronteira Oeste, sem terra que iriam sair em marcha foram revistados e identificados pela Brigada Militar. Em Canguçu, na região Sul, MST voltou a ter acampamento revistado. Ações acontecem no dia em que o MST lembra do Massacre de Eldorado dos Carajás e protesta contra a violência.

Raquel Casiraghi

Porto Alegre (RS) - As duas manifestações realizadas pelo Movimento Sem Terra (MST) nesta sexta-feira (17) no Rio Grande do Sul foram reprimidas pela Brigada Militar. Em São Gabriel, na Fronteira Oeste, cerca de 500 sem terra foram parados pela polícia antes mesmo de iniciarem uma marcha pacífica em direção à cidade.

Os ônibus que levavam os manifestantes dos acampamentos até uma estrada asfaltada foram bloqueados em torno das 09:30h na saída da RS-630. Os policiais revistaram e identificaram todos os sem terra. Também deteram três pessoas por desacato e apreenderam facas de cozinha, consideradas armas.

A integrante do MST, Eliana Azevedo, lamenta a atuação da Brigada Militar, principalmente no dia em que os sem terra lembram os 13 anos do Massacre de Eldorado dos Carajás para protestar contra a violência.

“Ela [repressão] já era antecipada. Já é certa no estado do RS, sempre acontece. Independente de como a gente se mobilize e que faça luta. A repressão foi bastante truculenta”, reclama.

Depois de liberados às 11h, os sem terra interromperam a BR-290 por 19 minutos para lembrar os trabalhadores sem terra mortos no massacre ocorrido no Pará. Seguiram em marcha até a cidade, onde tiveram uma reunião com o prefeito Rossano Gonçalves para tratar das demandas dos novos assentamentos. Os sem terra também tentaram falar com o responsável pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na cidade, mas encontraram no escritório apenas a Brigada Militar.

“A pauta que levamos para a prefeitura era de saúde e educação, que é o mínimo que teríamos que ter nesses quatro meses de assentamento. O prefeito jogou toda a responsabilidade para o governo federal”, diz.

Já na cidade de Canguçu, na região Sul, 250 trabalhadores voltaram a ocupar a Fazenda São João da Armada durante a manhã, em protesto à ação policial em São Gabriel. Na tarde as famílias deixaram o local, mas a Brigada Militar revistou o acampamento. Situação semelhante aconteceu na quarta-feira (15), quando os sem terra ocuparam a fazenda pela primeira vez.

As mobilizações integram a Jornada Nacional de Lutas pela Reforma Agrária, realizada todos os anos em Abril.

FONTE: http://www.agenciachasque.com.br

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Cidadão Kane Abençoa Lula

Raymundo Araujo Filho

Tenho, e já há bastante tempo, denunciado uma velha tática jornalística, hoje muito usada pelo que chamo de jornalismo lulo-petista.

O estratagema consiste na “eleição” de adversários com opiniões insustentáveis, para fazer com que Lula e seu esquema político mantenham, aos olhos da opinião pública, uma fachada “popular” de “apoio aos pobres” etc. Chamo isso de Refração Ilusória à Esquerda ou, de forma mais coloquial, “a transformação da discussão política em um Fla-Flu”, isto é, o abandono das divergências conceituais (tática de jogo e estratégias a serem alcançadas) pela simples disputa de poder por grupos antagônicos. É mais ou menos o que se sucede nesta política Fla-Flu que denuncio.

Enquanto isso, o chamado jornalismo lulo-petista faz bonito, combatendo com artigos e bravatas os generais e direitistas saudosos da ditadura que hoje, decrépitos, reúnem-se em eventos comemorativos à quartelada de 64. Mas, contraditoriamente, este mesmo jornalismo adesista limita-se a criticar os representantes deste segmento que têm lugar (e de destaque) no governo Lula, que apóiam. Criticam o Jobim e o Edson Lobão, mas não quem os nomeou e os mantém no governo.

E ainda, “por falta de espaço na agenda”, deixam de responder às críticas à esquerda que lhes são feitas. Querem dar a impressão de que o Lula e sua base aliada de “esquerda” (menos de 10% do total) configuram-se como uma espécie de Rubicão, delimitando o que é esquerda e direita.

É este pequeno exército de jornalistas lulo-petistas que abarrotam a mídia, notadamente a alternativa e internética (listas, jornais virtuais, blogs políticos etc.), com artigos, nos quais tergiversam a realidade, escolhendo as Vejas, Organizações Globo, RBS, Grupo Folha, entre outros, como se estivessem em campos ideológicos, e de projetos para o país, antagônicos.

Quando, na verdade, a esta altura do campeonato, penso estar claro que é muito mais uma briga de quadrilhas econômicas e políticas que estão jogando pela conquista do aparelho político e de Estado. Todas as forças deste combate são hegemônicas ou neoliberais radicais, ou reformistas do capitalismo quando muito. Talvez por acharem que é preciso mais miséria para a criação da tal “contradição visível às massas”.

Mas todos os Rubicões deságuam no mar. E não seria diferente no Brasil, onde o Amazonas, o São Francisco, o Paraíba, o Uruguai deságuam no mesmo mar, o Atlântico.

Recentemente, com a agudização da fragilidade do (ou falta de) projeto do governo Lula, são necessárias mais e mais concessões, não só no campo econômico, mas também no político.

Para gerir esta “crise” de acumulação de capital, etapa prevista pelo assalto neoliberal iniciado há 25 anos, Lula precisou tomar todas as medidas de transferência direta do erário para as economias privadas. Tudo em nome da tal estabilidade. Esta ação integrada com os patrões do primeiro mundo culmina com o empréstimo “chic” para o FMI de 5% de nosso sofrido e injusto superávit primário. Enquanto isso, reduz a carga de impostos (dinheiro para a coletividade) para facilitar e abaixar o custo das empreiteiras e que tais, nesta farsa midiática do PAC da Habitação. Enquanto remédios, passagens (não as de avião) e comida aumentam a olhos (e bolsos!) vistos. Fora a exposição do fiasco das estradas, transportes de massa, hospitais públicos e serviços básicos, privatizados, ineficientes e caríssimos.

O aplauso da mídia corporativa tão combatida pelo jornalismo lulo-petista foi total. O comentarista econômico da Rede Globo e a representante das corporações nesta Organização do Cidadão Kane brasileiro pessoalmente manifestaram-se de acordo e saudaram a “solidez” da economia brasileira.

Esta mesma mídia, tão combatida pelo jornalismo lulo-petista, omitiu da opinião pública não só a notícia em destaque, mas também análises e contradições de importantes medidas deste governo que temos. Uma foi a sanção da lei que entrega para as mineradoras e companhias de energia elétrica as cavernas brasileiras e todo o patrimônio histórico-cultural, material e estratégico que elas podem representar. Nem um pio deram, em total anuência a tamanho absurdo. E os lulo-petistas também calaram.

Outra omissão gravíssima diz respeito à Lei do Gás, sancionada em março e quase que totalmente omitida pela grande mídia - e silenciada convenientemente pelos bocas-tortas da adesão, de plantão vigilante para poderem omitir-se. Este decreto presidencial, em resumo, privatiza os gasodutos, impõe que o gás a ser industrializado na refinaria Abreu e Lima virá da Nigéria, onde é explorado pela anglo-saxônica (olhos azuis) da Brittish Oil e transportado por navios da própria. E todos calados, os Al e os Capones.

Agora vemos a união quase que carnal entre o PT, Lula e a Veja no caso Daniel Dantas, onde, após a senha dada por José Dirceu, “denunciando” ser perseguido pelo Protógenes Queiroz, fez com que este delegado da PF fosse abandonado não só pelo governo que lhe tinha encomendado a ação, mas pelos petistas e que tais que ainda o apoiavam. É que a reentrada de José Dirceu oficialmente nas hostes petistas e governistas, a meu ver, pode ter tido este preço. Afinal, com o disse o próprio Lulla, “aqui não tem santos”. E os jornalistas lulo-petistas continuam calados.

Poderia citar a completa paralisação da Reforma Agrária abandonada por Lula, e que sequer fez arrefecer a sanha vingativa dos latifundiários e representantes do agronegócio contra o MST - que, agora, ensaiando críticas um pouco mais fortes (mas sem rompimento) ao Lula, está sendo jogado à própria sorte.

Assim, vai entortando a boca (e a caneta-teclado) dos membros desta confraria que chamo de jornalismo lulo-petista, cada vez mais parecido com a tal mídia corporativa que tanto dizem combater. A boca torta já está igual. E a capacidade do silêncio-omissão também.

FONTE: http://www.correiocidadania.com.br/content/view/3171/9/

MST faz ações em 8 estados por Reforma Agrária e contra a crise

A Jornada Nacional de Lutas de Abril, realizada em memória dos 19 trabalhadores Sem Terra assassinados há 13 anos no Massacre de Eldorado de Carajás (PA), já mobilizou camponeses do MST em oito estados e no Distrito Federal, desde o início do mês, para exigir o assentamento das 100 mil famílias acampadas e para denunciar o desemprego causado pelo agronegócio com a crise econômica mundial. Nesta quarta-feira (14/04), foram realizadas ocupações de terras, marchas e atos no Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso, Pará, Distrito Federal e Bahia. Desde a semana passada, ocorreram também ações em São Paulo, Minas Gerais e Roraima.

“A crise econômica demonstra que o agronegócio não tem condições de melhorar a vida dos trabalhadores rurais. Defendemos a realização de uma Reforma Agrária Popular e um programa de agroindústrias em assentamentos para criar empregos e gerar desenvolvimento no campo”, afirma a integrante da coordenação do MST, Marina dos Santos.

De novembro de 2008 a fevereiro de 2009, foram fechadas 747.515 vagas no país. O complexo do agronegócio fechou 268.888 vagas (no setor agropecuário, foram 145.631; no setor de alimentos e bebidas, 123.257), cerca de 35% do total (dados do Dieese). Os números apontam que boa parte das vagas eliminadas é do agronegócio, apesar da política de crédito rural do governo federal.

No ano passado, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) concedeu em empréstimos mais de R$17,2 bilhões de reais para empresas do agronegócio. O Banco do Brasil concedeu mais de R$ 10 bilhões para apenas 20 empresas do agronegócio. Enquanto isso, o Pronaf (Programa Nacional de Agricultura Familiar) tem previsão para a liberação de apenas R$ 7, 2 bilhões para a safra 2008/2009, alcançando 1,2 milhões de famílias de pequenos agricultores.
“O governo federal financiou com seus empréstimos o desemprego do agronegócio. Precisamos de uma nova política de crédito rural, com a criação de uma linha especial para assentados e a desburocratização das linhas para a pequena agricultura. Defendemos também que todas as empresas do agronegócio que pegaram recursos públicos e demitiram tenham suas áreas desapropriadas e que todas as famílias de trabalhadores rurais que perderam o emprego com a crise sejam assentadas”, defende Marina.
No Rio Grande do Sul, 200 famílias ocuparam a fazenda São João D’Armada, no município de Canguçu. A área tem 1130 hectares e foi considerada improdutiva pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em 2007, mas jamais foi desapropriada. Em São Luiz Gonzaga, 300 trabalhadores rurais iniciaram uma Marcha rumo ao latifúndio, partindo de um acampamento na BR 285. Um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) assinado pelo Incra estabelecia o assentamento de 2 mil famílias de trabalhadores rurais até o final do ano passado, mas apenas 700 destas conquistaram um pedaço de chão no estado.

Em Pernambuco, a fazenda Cristina, localizada no município de Vitória de Santo Antão, região metropolitana do Recife, foi ocupada por cerca de 100 famílias. A área, de 500 hectares, é improdutiva e pertence à prefeitura do município. Esta foi a terceira ocupação da Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária no estado.

Ontem (14/04), outras 100 famílias ocuparam a fazenda Pernambuco, de 1.000 hectares, no município de Inajá, Sertão do Estado. Na segunda-feira (13/04), famílias Sem Terra ocuparam o Engenho General, em São Lourenço da Mata, onde continuam acampadas.

No Pará, a Jornada teve início com o acampamento da Juventude em Eldorado dos Carajás, palco do Massacre lembrado em abril. Mais de 500 jovens de todas as regiões do estado começaram a debater o papel da juventude na sociedade, e participam de oficinas, audiência no Incra e um ato em memória dos Sem Terra assassinados. Em Belém, trabalhadores das regiões Norte e Nordeste se concentram na Praça da Leitura, onde está localizada a “Coluna da Infâmia”, um monumento construído em homenagem às vítimas do Massacre. Mais de 400 pessoas são esperadas para participar das atividades, que incluem ato contra a criminalização dos movimentos sociais e uma marcha.

No Distrito Federal, 300 famílias do MST e do Movimento de Apoio ao Trabalhador Rural (MATR) ocuparam a fazenda Engenho, em Planaltina (DF). Os trabalhadores denunciam que seus arrendatários desrespeitam a Lei Ambiental, porque utilizam agrotóxicos para o plantio extensivo da soja e retiram areia da fazenda, localizada em Área de Proteção Ambiental. Os trabalhadores conseguiram uma audiência para discutir a questão amanhã (16/04), às 14h, com representantes do Incra nacional, da Superintendência Regional da autarquia e do Ibama.

Em Mato Grosso, cerca de 300 trabalhadores rurais iniciam uma marcha por Reforma Agrária, emprego e defesa do Meio Ambiente. Eles saíram de Jangada e irão caminhar 100 quilômetros até o Trevo do Lagarto, em Várzea Grande, onde chegam no domingo (19/04). Na sexta-feira (17/04), em Cuiabá, será lançada a campanha “Limite da Propriedade da Terra: em defesa da reforma agrária e da soberania territorial e alimentar”, puxada pelas Assembléias Populares. No estado, existem cerca de 4 mil famílias assentadas, mas em muitos assentamentos há um verdadeiro abandono governamental. Cerca de 3 mil famílias ainda amargam a vida debaixo de lonas pretas, à beira de estradas, dentro de território mato-grossense.

Ontem (14/04), 200 pessoas bloquearam o trecho da rodovia BR-020, também na região de Planaltina. No DF, os Sem Terra exigem o assentamento das 1.800 famílias acampadas, assistência técnica para 1.200 famílias assentadas, investimentos em educação, recuperação de assentamentos e a reestruturação da Superintendência Regional do Incra, a SR 28.

Na Bahia, 400 famílias ocuparam a fazenda Culturosa, no município de Camamu (região Sul do estado), para denunciar os malefícios do monocultivo em larga escala da seringa na região. Há três anos, o MST solicitou ao Incra uma vistoria na área, mas até agora nada foi feito.

Cerca de 2 mil agricultores ocupam desde segunda-feira (13/04) a sede da Seagri (Secretaria de Agricultura da Bahia), em Salvador, para pressionar o governo estadual a cumprir a pauta assumida em 2007, ano em que se estabeleceu a reforma de cinco mil casas, a construção de 1.200 quilômetros de estradas nos assentamentos, a vistoria de áreas em todo estado e a infra-estrutura dos assentamentos. Em Eunápolis, 800 famílias continuam ocupando a área de 4.700 hectares de terras devolutas - utilizadas ilegalmente pela Veracel Celulose para o plantio de eucalipto. Na sexta-feira (17/04), haverá homenagem da Assembléia Legislativa do estado aos 25 anos do MST.

Em Roraima, 70 famílias do MST ocuparam na última sexta-feira (10/04) a fazenda Autarraia, no município de Bonfim, para reivindicar a criação de um projeto de assentamento na área e mais agilidade do Incra no processo de criação de outros assentamentos no estado. Em Roraima, há três anos o Incra não cria novos assentamentos ou atua naqueles que já estão criados. Faltam estradas, habitação, energia, crédito de apoio à produção, demarcação e licenças que permitam a exploração de territórios liberados pelo Ibama.

Em Minas Gerais, cerca de 900 famílias integram desde a quinta-feira passada (09/04) a ocupação rururbana Dandara, em Belo Horizonte. A ação foi realizada conjuntamente pelo Fórum de Moradia do Barreiro, as Brigadas Populares e o MST. As famílias ocupam 10% de um terreno de mais de 40 hectares, supostamente pertencente à Construtora Modelo. Os manifestantes apontam que o terreno, localizado no bairro Céu Azul, está abandonado há muitos anos e possui dívida de mais de R$ 18 milhões, por não pagamento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano).

Em São Paulo, cerca de 120 famílias Sem Terra ocuparam, em 06/04, a Fazenda Nossa Senhora Aparecida, na região de Agudos (próxima a Bauru). Os trabalhadores reivindicam a destinação da área da fazenda para a Reforma Agrária, já que a terra, com cerca de 700 hectares, é considerada pública, mas não possui nenhum tipo de destinação e uso.

FONTE: http://www.mst.org.br/mst/pagina.php?cd=6614

terça-feira, 14 de abril de 2009

Do bloqueio não se disse uma só palavra

• O governo dos Estados Unidos, através da CNN, anunciou que Obama visitará o México nesta semana, iniciando sua viagem rumo a Porto Espanha, Trinidad e Tobago, onde dentro de quatro dias vai participar da Cúpula das Américas. Anunciou que serão aliviadas algumas odiosas restrições impostas por Bush aos cubanos residentes nos Estados Unidos para visitar suas famílias em Cuba. Quando se indagou se tais prerrogativas reconheciam outros cidadãos norte-americanos, a resposta foi que não estavam autorizados.

Do bloqueio, que é a mais cruel das medidas, não se disse uma só palavra. Dessa maneira piedosa é chamado o que constitui uma medida genocida. O prejuízo não é medido só por seus efeitos econômicos. Custa constantemente vidas humanas e ocasiona sofrimentos dolorosos a nossos cidadãos.

Nossos doentes não têm acesso a numerosos equipamentos de diagnóstico e medicamentos vitais, embora provenham da Europa, do Japão, ou de outro país, se possuem alguns componentes ou programas dos Estados Unidos.

Em virtude da extraterritorialidade, as restrições relacionadas com Cuba devem ser aplicadas pelas empresas dos Estados Unidos que produzem bens ou prestam serviços em qualquer parte do mundo. Um influente senador republicano, Richard Lugar, alguns mais de seu partido com igual título no Congresso, e mais outro número de importantes senadores democratas são a favor do fim do bloqueio. Foram criadas as condições para que Obama empregue seu talento numa política construtiva que acabe com o que fracassou durante quase meio século.

Por outro lado, nosso país, que resistiu e está disposto a resistir a tudo o que for necessário, não culpa Obama das atrocidades cometidas por outros governos dos Estados Unidos. Também não questiona sua sinceridade e sua vontade de mudar a política e a imagem dos Estados Unidos. Compreende que travou uma batalha muito difícil para conseguir ser eleito, apesar de preconceitos centenários.

Partindo disso, o presidente do Conselho de Estado de Cuba expressou sua disposição para dialogar com Obama e, com base no mais estrito respeito à soberania, normalizar as relações com os Estados Unidos.

Às 14h30, o chefe da Repartição Consular de Cuba em Washington, Jorge Bolaños, foi chamado pelo subsecretário de Estado, Tomas Shannon, ao Departamento de Estado. Do que conversou nada foi diferente do revelado pela CNN.

Às 15h15, começou uma longa entrevista coletiva. A essência do que ali foi dito está contida nas palavras textuais do assessor presidencial para a América Latina, Dan Restrepo, que declarou:

"O presidente Obama ordenou hoje tomar certas medidas, dar certos passos, para estender a mão ao povo cubano, para apoiar sua vontade de viver respeitando os direitos humanos e para poder determinar seu próprio destino e o destino de seu país.

"O presidente deu instruções aos secretários de Estado, do Comércio e do Tesouro, para que implementem as ações necessárias a fim de que sejam eliminadas todas as restrições que impediam aos indivíduos visitarem suas famílias na ilha e enviar remessas. Além disso, deu instruções para que se dêem passos que permitam o fluxo livre de informação entre o povo cubano e entre aqueles que estão em Cuba e no resto do mundo, e para facilitar a entrega de recursos humanitários enviados diretamente ao povo cubano.

"Ao serem tomadas estas medidas para contribuir ao fechamento da brecha entre famílias cubanas divididas e promover o fluxo livre de informação e de artigos de ajuda humanitária para o povo cubano, o presidente Obama está a se esforçar para cumprir os objetivos que fixou durante a campanha e desde que ocupou o cargo.

"Todos aqueles que acreditam nos valores democráticos básicos almejam uma Cuba que respeite os direitos humanos, políticos, econômicos, básicos, de todo seu povo. O presidente Obama considera que estas medidas ajudarão a tornar realidade tal objetivo. O presidente exorta todos os que compartilham este desejo para que continuem comprometidos com seu firme apoio para o povo cubano.

"Muito obrigado."

No fim da coletiva, confessou com franqueza: "Faz-se tudo isso pela liberdade de Cuba."

Cuba não aplaude as mal chamadas Cúpulas das Américas, onde nossos países não discutem em pé de igualdade. Se servissem para alguma coisa, seria para fazer análises críticas de políticas que dividem nossos povos, saqueiam nossos recursos e obstaculizam nosso desenvolvimento.

Agora falta apenas Obama persuadir ali todos os presidentes latino-americanos de que o bloqueio é inofensivo.

Cuba resistiu e resistirá. Não estenderá jamais suas mãos para pedir esmolas. Continuará para frente de cabeça alta, cooperando com os povos irmãos da América Latina e do Caribe, quer haja ou não Cúpulas das Américas, quer Obama presida ou não os Estados Unidos, um homem ou uma mulher, um cidadão branco ou um cidadão negro.

Fidel Castro Ruz
13 de abril de 2009
18h12 •

O 18 de Brumário de Louis Bonaparte - Comentários I

Dario da Silva*

Abaixo um fragmento de “O 18 de Brumário de Louis Bonaparte”:

“Contra a burguesia coligada fora formada uma coalizão de pequenos burgueses e operários, o chamado partido social democrata. A pequena burguesia percebeu que tinha sido mal recompensada depois das jornada e junho de 1848, que seus interesses materiais corriam perigo e que as garantias democráticas que deviam assegurar a efetivação desses interesses estavam sendo questionadas pela contra-revolução. Em vista disto aliou-se aos operários. Por outro lado, sua representação parlamentar, a Montanha, posta à margem durante a ditadura dos republicanos burgueses, reconquistara na segunda metade do período da Assembléia Constituinte sua popularidade perdida com a luta contra Bonaparte e os ministros monarquistas. Concluíra uma aliança com os dirigentes socialistas. Em fevereiro de 1849 a reconciliação foi comemorada com banquetes. Foi elaborado um programa comum, organizados comitês eleitorais comuns e lançados candidatos comuns. Quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais do proletariado e deu-se a elas uma feição democrática; despiu-se a forma puramente política das reivindicações democráticas da pequena burguesia e ressaltou-se seu aspecto socialista. Assim surgiu a social-democracia. A nova Montanha, resultado dessa combinação, continha, além de alguns figurantes tirados da classe operária e de alguns socialistas sectários, os mesmos elementos da velha Montanha, mas, mais fortes numericamente. Em verdade, ela se tinha modificado no curso do desenvolvimento, com a classe que representava. O caráter peculiar da social-democracia resume-se no fato de exigir instituições democrático-republicanas como meio não de acabar com dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas de enfraquecer seu antagonismo e transformá-lo em harmonia. Por mais diferentes que sejam as medidas propostas para alcançar esse objetivo, por mais que sejam enfeitadas com concepções mais ou menos revolucionárias, o conteúdo permanece o mesmo. Esse conteúdo é a transformação da sociedade por um processo democrático, porém uma transformação dentro dos limites da pequena burguesia. Só que não se deve formar a concepção estreita de que a pequena burguesia, por princípio, visa a impor um interesse de classe egoísta. Ela acredita, pelo contrário, que as condições especiais para sua emancipação são as condições gerais sem as quais a sociedade moderna não pode ser salva nem evitada a luta de classes. Não se deve imaginar, tampouco, que os representantes democráticos sejam na realidade todos shopkeepers (lojistas) ou defensores entusiastas destes últimos. Segundo sua formação e posição individual podem estar tão longe deles como o céu da terra. O que os toma representantes da pequena burguesia é o fato de que sua mentalidade não ultrapassa os limites que esta não ultrapassa na vida, de que são consequentemente impelidos, teoricamente, para os mesmos problemas e soluções para os quais o interesse material e a posição social impelem, na prática, a pequena burguesia. Esta é, em geral, a relação que existe entre os representantes políticos e literários de uma classe e a classe que representam.” (Fonte: http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap03.htm)

Comentários:

1) O programa da coalizão de pequenos burgueses e operários (social democrata) anula o conteúdo proletário (revolucionário) e se colore de radicalidade democrática pequeno-burguesa “Quebrou-se o aspecto revolucionário das reivindicações sociais do proletariado e deu-se a elas uma feição democrática;”. O que coloca a questão prática do partido comunista, que não pode ser nada menos que a representação política do proletariado, não pode rebaixar-se ao estado de “radicalidade democrática”, onde a revolução é substituida por “Esse conteúdo é a transformação da sociedade por um processo democrático, porém uma transformação dentro dos limites da pequena burguesia”;

2) Ideologia e representação política de uma classe, a pequena burguesia, e das classes (geral) são conceituadas. A ideologia é um limite que expressa uma realidade de classe, não é apenas falseamento do realidade: “O que os torna representantes da pequena burguesia é o fato de que sua mentalidade não ultrapassa os limites que esta não ultrapassa na vida, de que são consequentemente impelidos, teoricamente, para os mesmos problemas e soluções para os quais o interesse material e a posição social impelem, na prática, a pequena burguesia. Esta é, em geral, a relação que existe entre os representantes políticos e literários de uma classe e a classe que representam.” A representação política é expressão, assim como a ideologia, da posição e interesse concreto da classe que é seu corpo vivo.

3) Uma questão de método e ao mesmo tempo prática fica clara em “O caráter peculiar da social-democracia resume-se no fato de exigir instituições democrático-republicanas como meio não de acabar com dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas de enfraquecer seu antagonismo e transformá-lo em harmonia”, onde a solução da contradição capital e trabalho não é a eliminação de um dos pólos, mas superação da contradição. Também a conceito de social democracia “não de acabar com dois extremos, capital e trabalho assalariado, mas de enfraquecer seu antagonismo e transformá-lo em harmonia”“Esse conteúdo é a transformação da sociedade por um processo democrático, porém uma transformação dentro dos limites da pequena burguesia”.

*Economista.

FONTE: http://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/index.htm

Na página do PCB: http://www.pcb.org.br/textos/O%2018%20Brumario.pdf

segunda-feira, 13 de abril de 2009

SOLIDARIEDADE COM A BOLÍVIA, CONTRA O IMPERIALISMO!

A Federação Mundial Das Juventudes Democráticas, recebeu a notícia sobre a decisão do querido Presidente Evo Morales de iniciar uma greve de fome junto a um grupo importante de membros do seu partido (MAS) e de lideres da Central Obreira Boliviana (COB), iniciativa que tem um amplo apoio do povo boliviano, contra as manobras que a oligarquia boliviana realiza no Congresso para que se aprove uma lei que não permita a implementação da constituição e bloquear as eleições convocadas para o final desse ano.

Os profundos processos de transformação que vem levando adiante o governo do Presidente Evo, que neste momento permitiu o país declarar-se livre do analfabetismo, levando atenção médica aos mais pobres e conquistando excelentes resultados na economia, enfrentam as barreiras que a oligarquia boliviana, apoiada pelo imperialismo, que se negam em aceitar que o povo boliviano posso mudar sua história para sempre.

A Federação Mundial das Juventudes Democráticas expressa sua total e incondicional apoio ao Presidente Evo Morales, a juventude e ao povo boliviano, que lutam para construir um futuro melhor e convoca a todas suas organizações membro, amigas e a toda juventude progressista do mundo para expressarmos nosso respaldo ao processo de transformações que vem se desenvolvendo na Bolívia e condenar as ações da oligarquia boliviana que faz parte de uma oligarquia mundial, capitalista e imperialista.

Buró Coordenador da FMJD

Budapeste, 10 de abril de 2009.

SOLIDAREIDADE COM O POVO COLOMBIANO

A Federação Mundial das Juventudes Democráticas, vem acompanhando com muita atenção, a grave situação dos direitos humanos que existe na Colômbia e em especial os ataques continuos contra os dirigentes juvenis e estudantis, os quais são perseguidos, assassinados e obrigados a abandonar o país, sem nenhuma garantia do governo do Fascista Uribe.

O Governo do senhor Alvaro Uribe nos últimos dias vem dando seguimento a uma politica criminosa de hostilidades contra os jovens e que nas últimas semanas, com a cumplicidade de grupos paramilitares (supostamente desmobilizados), assissinou a quatro estudantes e feriu a outros três, além de distribuir panfletos causando incertezas e um permanente estado de medo na população.

A Federação Mundial das Juventudes Democráticas condena energicamente estas criminosas ações que se realizam contra os jovens e estudantes colombianos, por parte do governo Fascista de Alvaro Uribe Velez, e convoca a todas suas organizações membro, amigas e a toda a juventude progressista do mundo a expressarem sua repulsa contra o governo colombiano e de suas politicas fascistas de intimidação, exigindo que se apliquem as medidas necessarias pelos organismos internacionais, contra este criminoso governo e a apoiando a solicitação feita pelas organizações juvenis colombianas para que se faça justiça, se investigue e se dê as sanções aos responsaveis materiais e intelectuais de todos os acontecimentos citados.

Buró Coordenador da FMJD

Budapeste

7 de abril de 2009

Massacre de Eldorado de Carajás completa 13 anos sem desfecho

Em 17 de abril de 1996 policiais militares promoveram o Massacre de Eldorado de Carajás, que ganhou repercussão internacional e deixou marca na história do país, ao lado do Massacre do Carandiru (1992) e da Chacina da Candelária (1993), como uma das ações policiais mais violentas do Brasil. Em 2002, o presidente FHC instituiu essa data como o Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária.

Passados 13 anos do massacre no Pará, permanecem soltos os 155 policiais que mataram 19 trabalhadores rurais, deixaram centenas de feridos e 69 mutilados. Entre os 144 incriminados, apenas dois foram condenados depois de três conturbados julgamentos: o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira. Ambos aguardam em liberdade a análise do recurso da sentença, que está sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Na próxima semana, o MST monta dois acampamento no estado, para cobrar a condenação dos responsáveis pelo massacre e apoio às famílias sobreviventes, com encerramento das atividades no dia 17. Na Curva do S, em Eldorado de Carajás, 500 trabalhadores rurais participam das atividades do Acampamento da Juventude, a partir do dia 10. Em Belém, 600 pessoas estarão mobilizadas depois do dia 14.
“Estamos mobilizados para denunciar que depois de tanto tempo do massacre ninguém foi preso e as famílias ainda não foram indenizadas. Cobramos a indenização de todas as famílias e atendimento médico aos sobreviventes. Defendemos também um novo julgamento para impedir que a morte de 19 companheiros fique impune. Além disso, exigimos a Reforma Agrária para acabar com a violência contra os trabalhadores rurais”, explica o integrante da coodenação nacional do MST, Ulisses Manaças.

Em 2007, os trabalhadores Sem Terra conseguiram uma vitória parcial, com a indenização de 23 famílias que foram vítimas do massacre pela governadora Ana Júlia. No entanto, no ano passado o governo estadual promoveu soldados que participaram do Massacre. O Movimento cobra a indenização do total de 79 famílias, além da regularização do atendimento médico multidisciplinar aos feridos durante o massacre, que ficaram com balas alojadas pelo corpo.

“A gente lamenta essa mentalidade de grande parte dos juristas, que acha que a pessoa deve recorrer eternamente, pela chamada presunção de inocência. Esse processo acaba gerando impunidade total e absoluta” afirma o promotor de Justiça do caso, Marco Aurélio Nascimento.

O advogado Carlos Guedes, que acompanhou o caso desde abril de 1996 até o último julgamento, em maio de 2002, acredita que a Justiça ainda não resolveu o caso. Guedes também alerta que existem dois tipos de responsabilidades em relação ao massacre que a Justiça tem de levar em consideração: as responsabilidades criminal e política.

“Se todos os que foram denunciados, desde o coronel Pantoja até o último soldado, tivessem sido condenados, isso por si só seria insuficiente. Outras pessoas tiveram participação decisiva no massacre, como o governador (Almir Gabriel), o comandante geral da Polícia Militar e o secretário de Segurança Pública (Paulo Sette Câmara). Estes sequer foram envolvidos no caso”, contesta o advogado.

Na opinião dos sobreviventes do massacre e dos advogados do MST, a justiça ainda não veio. As pessoas mutiladas, assim como as 13 viúvas que tiveram seus maridos executados naquele dia, ainda não receberam indenizações. Tanto para o coordenador nacional do MST no Pará, Charles Trocate, quanto para os mutilados do massacre, o Estado foi o culpado pelo incidente.

“A cultura da violência gera a cultura da impunidade. Carajás evidenciou um problema em proporções maiores, mas o Estado não foi capaz de criar instrumentos que corrigissem isso. Primeiro se negou julgar e condenar o governador, o secretário de Justiça e o comandante geral da PM. Segundo, nestes 13 anos, não foi produzida nenhuma condenação porque é o Estado que está no banco dos réus”, afirmou Trocate.

O 17 de abril foi marcado como dia internacional da luta das lutas dos camponeses, em homenagem à luta pela terra pelos camponeses de Carajás e de todas as partes do mundo. Todos os anos, a Via Campesina realiza mobilizações nesse período do ano para cobrar o julgamento dos responsáveis pela violência no campo e pela realização da Reforma Agrária.

Caminho do processo na Justiça

Abaixo, leia a cronologia do processo dos envolvidos no Massacre de Eldorado de Carajás.

Junho de 1996 - Início do maior processo em número de réus da história criminal brasileira, envolvendo 155 policiais militares. Em 10 anos, o processo ultrapassou as 10 mil páginas.

16 de agosto de 1999 - Primeira sessão do Tribunal do Júri para julgamento dos réus em Belém, presidida pelo juiz Ronaldo Valle. Foram absolvidos três oficiais julgados - coronel Mário Colares Pantoja, major José Maria Pereira de Oliveira e capitão Raimundo José Almendra Lameira. Foram três dias de sessão com cerceamento dos poderes da acusação, impedimento da utilização em plenário de documentos juntados no prazo legal, permissão de manifestações públicas de jurados criticando a tese da acusação e defendendo pontos de vista apresentados pela defesa.

Abril de 2000 - O Tribunal de Justiça do Estado do Pará determinou a anulação do julgamento, decisão mantida em um segundo julgamento, em outubro de 2000. Antevendo a anulação do julgamento, o juiz Ronaldo Valle solicitou o afastamento do caso. Dos 18 juízes criminais da Comarca de Belém, 17 informaram ao Presidente do Tribunal de Justiça que não aceitariam presidir o julgamento, alegando, na maioria dos casos, simpatia pelos policiais militares e aversão ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e aos trabalhadores rurais.

Abril de 2001 - Nomeada uma nova juíza para o caso, Eva do Amaral Coelho, que designou o dia 18 de junho de 2001 como data para o novo julgamento dos três oficiais. Alguns dias antes do início da sessão, a juíza determinou a retirada do processo da principal prova da acusação, um minucioso parecer técnico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com imagens digitais que comprovavam que os responsáveis pelos primeiros disparos foram os policiais militares. O MST reagiu e a juíza reviu sua posição, suspendendo o julgamento sem marcar nova data.

14 de maio a 10 de junho de 2002 - O julgamento foi retomado. Após cinco sessões, entre os 144 acusados julgados, 142 foram absolvidos (soldados e 1 oficial) e dois condenados (coronel Pantoja e major Oliveira), com o benefício de recorrer da decisão em liberdade. Em decorrência dos benefícios estendidos aos dois únicos condenados, as testemunhas de acusação não compareceram mais ao julgamento, em função de ameaças de morte e por não acreditar na seriedade do julgamento. Durante vinte dias, jornais do Estado do Pará publicaram detalhes sobre intimidações e ameaças de morte que estariam recebendo as principais testemunhas da acusação, principalmente Raimundo Araújo dos Anjos e Valderes Tavares. Nada foi feito em relação à proteção e salvaguarda de tais testemunhas. O MST não aceitou participar de um julgamento onde não estivessem sequer garantidas a segurança e a tranqüilidade das pessoas fundamentais para a acusação.

Novembro de 2004 - A 2ª Câmara do Tribunal de Justiça do Pará julga numa só sessão todos os recursos da defesa e da acusação e mantém a decisão dos dois julgamentos realizados pelo Tribunal do Júri, absolvendo os 142 policiais militares e condenando o coronel Pantoja (228 anos de prisão) e o major Oliveira (154 anos de prisão).

22 de setembro de 2005 – O coronel Pantoja é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

13 de outubro de 2005 – O major Oliveira é posto em liberdade por decisão do Supremo Tribunal Federal.

2006 - Recurso especial é apresentado ao Superior Tribunal de Justiça e, posteriormente, recurso extraordinário é apresentado ao Supremo Tribunal Federal.

Abril/2007 - A governadora do estado Ana Júlia Carepa assinou decreto que concede indenização e pensões especiais a 22 famílias de trabalhadores sem-terra vítimas da chacina. “O que eu fiz foi reparar uma injustiça, reconhecendo a responsabilidade do governo do Estado”, disse Ana Júlia. A governadora classificou o massacre de Eldorado do Carajás como “um dos episódios que mais envergonhou não só o Pará diante do Brasil, mas o Pará diante do mundo”.

Setembro/2008 - O governo de Ana Júlia Carepa promoveu os soldados que participaram do Massacre de Eldorado do Carajás. Entre 87 e 90 policiais foram promovidos a cabo. Apesar de todos os promovidos já terem sido absolvidos em primeira instância pela acusação de homicídio qualificado, ainda há um recurso no STJ (Supremo Tribunal de Justiça) que pede suas condenações.

FONTE: www.mst.org.br